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UMA PEÇA DO MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA POR SEMANA

O CNC e o Museu Nacional de Arte Antiga divulgam aqui algumas das peças mais significativas do MNAA.

Uma Peça do MNAA por Semana


O CNC e o Museu Nacional de Arte Antiga levam a efeito desde 2006 uma iniciativa comum de divulgação das peças mais significativas do primeiro Museu português. Deste modo, queremos promover o melhor conhecimento do nosso património cultural, incentivando a visita aos nossos Museus, e em especial ao Museu Nacional de Arte Antiga.


Além da divulgação no portal www.e-cultura.pt e no sítio www.cnc.pt, promoveremos ao longo do ano outras iniciativas que serão divulgadas nos nossos programas trimestrais. A memória cultural constitui um factor fundamental para a melhor compreensão da nossa identidade, vista como realidade aberta, na encruzilhada entre a herança e a criação, entre a tradição e a inovação.


Agradecemos à Directora do MNAA e à sua equipa a oportunidade que nos dá de melhor conhecermos um acervo tão rico e fundamental para a compreensão do que somos como povo e como cultura.



Uma Peça do Museu Nacional de Arte Antiga
Semana de 29 de Julho a 5 de Agosto de 2008



   CENTRO DE MESA


  


Paris 1729-31, TG, Thomas Germain
Paris 1757, FTG, François-Thomas Germain
Prata fundida, repuxada, gravada e cinzelada
Prov. D.José de Mascarenhas e Lencastre, 8º Duque de Aveiro, e D.José I, rei de Portugal
Inv. 1827 our


Este centro de mesa pertenceu ao 8º Duque de Aveiro, cujos bens foram confiscados após a acusação de envolvimento na célebre conspiração contra o rei D. José I em 1758. Aparece referido no Inventario e Sequestro da Casa Aveiro em 1759 com o nº94, passando desde então a integrar as colecções da Casa Real.

A necessidade de se fabricarem este tipo de peças, hoje raras, explica-se no contexto do cerimonial do serviço à la francaise, instituído por Luís XIV em Versailles, nos finais do século XVII, segundo o qual os alimentos eram colocados sobre a mesa em séries sucessivas, que se designavam cobertas ou serviços, e cujo número variava conforme o aparato do banquete. Apenas permaneciam sobre a mesa os saleiros, especieiros, galheteiros e açucareiros, que eram reunidos para maior comodidade num surtout, colocado no centro da mesa, e que à noite também servia de luminária. A esta função utilitária se associava o aspecto ornamental, tornado preponderante à medida que se avançava na primeira metade do século XVIII.

A peça apresenta, além dos punções de Thomas Germain, o mais célebre ourives da época, a seguinte inscrição: FAIT. PAR. F. T. GERMAIN. SCULPr. ORFre. DU. ROY. AUX. GALLERIES. DU. LOUVRE. A. PARIS 1757, o que significa que François-Thomas Germain assinou uma obra de seu pai, retida em oficina durante 26 anos, sendo provável que, nesse período, a tenha modificado e ampliado, nomeadamente na tampa e na base, o que explica o carácter um pouco heterogéneo do conjunto.

Trata-se de uma obra paradigmática do seu tempo, confirmando indiscutivelmente o talento e o título de escultor dos Germain, e representa, pela perfeição do cinzel, fantasia e originalidade da sua composição, um dos cumes da produção parisiense setecentista. Constitui ainda um exemplo bem elucidativo da riqueza e ostentação de que se rodeava um grande senhor nesta época.

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