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UMA PEÇA DO MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA POR SEMANA

O CNC e o MNAA divulgam aqui algumas das peças mais significativas deste museu.

Uma Peça do Museu Nacional de Arte Antiga
Semana de 31 de Março a 7 de Abril de 2009


O Centro Nacional de Cultura (CNC) e o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) levam a efeito, desde 2006, uma iniciativa comum de divulgação das peças mais significativas do primeiro Museu português. Deste modo, queremos promover o melhor conhecimento do nosso património cultural, incentivando a visita aos nossos Museus, e em especial ao Museu Nacional de Arte Antiga.


Além da divulgação no portal www.e-cultura.pt e no sítio www.cnc.pt, promoveremos ao longo do ano outras iniciativas que serão divulgadas nos nossos programas trimestrais. A memória cultural constitui um factor fundamental para a melhor compreensão da nossa identidade, vista como realidade aberta, na encruzilhada entre a herança e a criação, entre a tradição e a inovação.


Agradecemos à Direcção do MNAA e à sua equipa a oportunidade que nos dá de melhor conhecermos um acervo tão rico e fundamental para a compreensão do que somos como povo e como cultura.



Deposição de Cristo no Túmulo




Giambattista Tiepolo (Veneza, 1696 – Madrid, 1770)
1767-1770
Óleo sobre tela
57 x 43,7 cm
Aquisição na Leiria & Nascimento, 2008
Inv. 2185 Pint


A Deposição de Cristo no Túmulo é a mais recente aquisição do Estado para as colecções do Museu Nacional de Arte Antiga, juntando-se a outras duas obras de Giambattista Tiepolo na colecção de pintura deste Museu: Triunfo das Artes, estudo para uma composição a fresco executada em 1731 num dos tectos do Palácio Archinto, em Milão, e Fuga para o Egipto, obra de idêntico formato da Deposição e datável do mesmo período (1767-70).


A Deposição e a Fuga pertenceram à colecção de Eduardo Pinto Basto, que incluía outras pinturas de Tiepolo: Vénus e o Tempo (46 x 57 cm); Triunfo de Anfitrite (41 x 60 cm), hoje na Walpole Gallery de Londres; e Repouso na Fuga para o Egipto (55,5 x 41,5 cm), actualmente incorporada nas colecções da Staatsgalerie de Estugarda.


Em Março de 1762, Tiepolo partiu para Madrid a convite de Carlos III de Espanha, encarregando-se da decoração a fresco do grande tecto da Sala do Trono no Palácio Real e de outros programas congéneres na mesma residência. Terminada a empreitada em 1765, o mestre veneziano executaria em seguida uma outra encomenda régia, sete grandes pinturas de altar para a Igreja de S. Pascoal Bailão em Aranjuez. Muito provavelmente na sequência deste conjunto de trabalhos, e talvez como resultado de encomendas de carácter privado no âmbito da corte espanhola, Tiepolo elaboraria vários estudos a óleo com temas religiosos, nomeadamente uma série de 4 composições ligadas à iconografia do episódio da Fuga para o Egipto e dois modelli com cenas da Paixão de Cristo. A Deposição no Túmulo agora do MNAA pertence a este último grupo. 


A obra associa um vibrante tratamento pictórico a um sentido monumental do espaço, apesar do pequeno formato, e interpreta a dramaticidade do tema com uma profundidade inusitada. Intérprete da mais eloquente arte barroca, Tiepolo é mais conhecido pela pintura em grande escala, célebre pela capacidade de impressionar o observador com a extrema “bravura” das suas composições decorativas; mas o que surge de mais notável nas suas derradeiras pinturas religiosas do período espanhol, como sucede na Deposição, é uma absoluta concentração criativa no tema escolhido. É certamente um dos mais significativos exemplos do modo como Tiepolo encarava a sua arte no final da vida, não apenas enquanto imagem alusiva, figura de narração ou alegoria, mas sobretudo como muda poesia de uma espécie de inquietude íntima e misticismo pessoal.

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