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UMA PEÇA DO MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA POR SEMANA

O Centro Nacional de Cultura e o Museu Nacional de Arte Antiga levam a efeito desde 2006 esta iniciativa de divulgação das peças mais significativas deste Museu.

Uma Peça do MNAA por Semana


O CNC e o Museu Nacional de Arte Antiga levam a efeito desde 2006 uma iniciativa comum de divulgação das peças mais significativas deste importante Museu português. Deste modo, queremos promover o melhor conhecimento do nosso património cultural, incentivando a visita aos nossos Museus, e em especial ao Museu Nacional de Arte Antiga.


Além da divulgação no portal www.e-cultura.pt e no sítio www.cnc.pt, promoveremos ao longo do ano outras iniciativas que serão divulgadas nos nossos programas trimestrais. A memória cultural constitui um factor fundamental para a melhor compreensão da nossa identidade, vista como realidade aberta, na encruzilhada entre a herança e a criação, entre a tradição e a inovação.


Agradecemos à Direcção do MNAA e à sua equipa a oportunidade que nos dá de melhor conhecermos um acervo tão rico e fundamental para a compreensão do que somos como povo e como cultura.



Uma Peça do Museu Nacional de Arte Antiga
Semana de 29 de Julho a 4 Agosto de 2009

Painéis de S. Vicente


Nuno Gonçalves (activo 1450 – antes de 1491)
1470-80
Óleo (?) e têmpera sobre madeira de carvalho
Proveniência: Paço de S. Vicente de Fora, Lisboa
Inv. 1361/1366 Pint


Estas seis pinturas atribuídas ao pintor régio de D. Afonso V (1432–1481), Nuno Gonçalves, redescobertas em 1882 no Paço Patriarcal de S. Vicente de Fora e geralmente nomeadas segundo designações propostas em 1909 por José de Figueiredo – painel dos Frades, dos Pescadores, do Infante, do Arcebispo, dos Cavaleiros e da Relíquia -, constituem um conjunto excepcional tanto no quadro da arte portuguesa de todos os tempos como no contexto da grande pintura europeia do século XV. A sua apresentação museológica segundo uma estrutura de tipo horizontal, articulada de acordo com a perspectiva dos ladrilhos que definem o pavimento e unificada pelo friso de cabeças ao longo da parte superior da composição, deve corresponder à sequência da disposição primitiva dos painéis, que originalmente estariam integrados no retábulo do Altar de S. Vicente da Sé de Lisboa (c. 1470), tal como as outras duas pinturas expostas nesta sala inscrevendo passos dos martírios de S. Vicente.

Os Painéis apresentam-nos um agrupamento de 58 individualizadas personagens em torno da dupla figuração de S. Vicente, solene e monumental assembleia representativa da Corte e de vários estados da sociedade portuguesa da época, com destaque para a Cavalaria e para a Igreja nas suas diversas hierarquias, em acto de veneração ao patrono e inspirador da expansão militar quatrocentista no Magreb. Tais personagens, em volumes claramente afirmados, tão humaníssima e poderosamente caracterizadas pela concentração expressiva dos rostos e atitudes como pela requintada definição pictórica dos trajes e seus adereços, parecem aliar, nesta encenação cerimonial, a intenção de uma evocação narrativa a uma visão contemplativa. Embora permaneça problemático, na ausência de testemunhos coetâneos à sua criação, o pleno entendimento da intenção e significado da obra, ela deve estar assim associada a uma dupla função, votiva e evocativa, dos triunfos guerreiros da dinastia de Avis no norte de África.

Singular “retrato colectivo” na história da pintura europeia, é uma obra de enorme importância simbólica na cultura portuguesa. Daí os desafios interpretativos que tem suscitado nomeadamente no domínio das identificações iconográficas, exercício mais ou menos imaginativo que tem alimentado uma polémica já secular e até ao momento inconclusiva.

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