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Número Um – CNC – 31 de Janeiro de 2003

Revista do Mês : Número Um – CNC – 31 de Janeiro de 2003

O tema da guerra foi o prato forte da primeira edição da Tertúlia “Revista do Mês”, que teve lugar no CiberChiado, com Maria João Avillez, Maria José Nogueira Pinto, João Amaral e Guilherme d`Oliveira Martins. No dia em que o Primeiro Ministro foi à Assembleia da República, o debate centrou-se na questão do Iraque. Maria João Avillez (M.J.A) iniciou a animada conversa com o habitual sumário dos acontecimentos. Maria José Nogueira Pinto (M.J.N.P.) abriu hostilidades apontando o facto de parecer haver agora um rumo por parte do governo, desde as propostas no campo do direito do trabalho à reforma do sistema político. Rumo que não tinha sido claro nos primeiros meses, depois das eleições. Foi secundada por João Amaral (J.A.), tendo ambos encontrado razões para falar de boa cooperação entre os dois partidos da maioria. Surpreendido por essa afirmação, G.O.M. perguntou: – “Onde anda o dr. Paulo Portas?” Qual a razão para o desaparecimento do CDS? Não estaremos a assistir a um caminho inexorável para o domínio completo da coligação pelo P.S.D., segundo o modelo do “abraço de urso”?? Depressa tudo se centrou, porém, no artigo do “Wall Street Journal” (que toda a imprensa mundial publicou) de Aznar, Blair, Berlusconi, Medgyessy, L. Miller, Rasmussen, Durão Barroso e V. Havel. Dividiram-se as opiniões quanto à oportunidade. Não é tanto o conteúdo do texto a estar em causa, mas a imagem de divisão europeia que evidencia. Enquanto M.J.N.P. invocou o seu cepticismo sobre o projecto europeu e J.A. recordou que já estivera contra a intervenção no Kosovo, G.O.M. retiraria a conclusão diametralmente inversa – no sentido de haver mais Europa política, apontando a gravidade de os europeus aparecerem divididos. A intervenção pode ser necessária mesmo sem decisão do Conselho de Segurança – advogaram Maria José e João. Claramente contra está Guilherme, em nome da Carta das Nações Unidas, da resolução 1441 e do primado do Direito Internacional. As condições em que a Carta nasceu eram outras – invocou M.J.N.P.. O argumento é inaceitável, contrapôs G.O.M. e citou a revista dos jesuítas “Études” – “é bem possível que este notável poder (americano) de impor a ordem se transforme em aparelho para produzir a desordem”. Munique em 1938 vem à baila – e de novo as interpretações divergem: João diz que o texto dos oito previne esse risco, enquanto Guilherme refere que agrava a instabilidade na região, e o certo é que no Kosovo estava em causa uma catástrofe humanitária de efeitos imediatos? O debate animadíssimo vai, infelizmente, continuar? No fechar do pano, Françoise Giroud, há dias desaparecida, foi um ponto de consenso. Da assistência veio a necessidade de haver continuidade nas políticas – contra a lógica de mudar por mudar, esquecendo o trabalho de profissionais e as pessoas concretas? ebate ao vivo no Ciber Chiado sobre acontecimentos do País e do Mundo.

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