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[Mostra] Contemporânea centenária 1922-2022

O Centro Nacional de Cultura, onde se encontra o espólio de José Pacheco (diretor da revista modernista Contemporânea), associa-se à exposição Contemporânea Centenária 1922-2022, promovida pela Biblioteca Nacional e comissariada por Ricardo Marques. Esta mostra pode ser visitada na Sala de Referência da Biblioteca Nacional até ao dia 15 de julho, entre as 9h30 e as 19h30, nos dias úteis e, ao sábado, entre as 9h30 e as 17h30.

A revista Contemporânea foi obra do arquiteto José Pacheco (Lisboa, 1885-1934). Após a publicação de um número espécime em 1915, a revista foi regularmente publicada entre maio de 1922 e março de 1923 (números 1 a 9), quando teve por editor o empresário algarvio Agostinho Fernandes. Em 1924 só conheceu uma edição e, no ano seguinte, apenas um suplemento. Os três derradeiros números datam de 1926.

Contemporânea foi uma revista contemporânea de si mesma. No artigo de abertura, “Carta aberta a um esteta”, há um curioso passo que define a direção pretendida e explica em grande parte o título escolhido: é uma revista, não de futuristas, epíteto negativo sobretudo para a geração que este “esteta” representava, mas de “contemporâneos”, jovens do seu tempo, que queriam promover Portugal.

Do ponto de vista gráfico, trata-se de uma revista emblemática da década de 20, cuja singularidade se estende à própria publicidade. No final da primeira série (junho 1922), é curiosa a afirmação contundente de que a publicidade não era para rasgar visto ser igualmente arte.

Embora se revele verdadeiramente hispanófila na série final, ao adotar o subtítulo “Portugal * Ibero-americanismo * Arte”, Contemporânea mostrou ser, desde o primeiro número, uma revista que partilhava grande simpatia pelas língua e cultura espanholas e se encontrava aberta à colaboração de intelectuais de idioma castelhano, nomeadamente, diplomatas acreditados em Portugal e seus próximos, como se verificou com o modernista Ramón Gómez de la Serna.

A doença de José Pacheco impediu-o de voltar a editar a revista após 1926, o que não obsta a que o seu espólio faculte inúmeras pistas acerca das intenções que alimentava a este propósito, e que são confirmadas pelos materiais textuais e gráficos destinados à décima quarta Contemporânea. O legado édito e inédito da revista Contemporânea é indispensável para o estudo do Modernismo em português de aquém e de além-mar.

Esta mostra celebra esse legado centenário, demonstrando a importância desta revista no seu tempo e no seu contexto, ao mesmo tempo que exibe textos e objetos raramente apresentados ao público.

Ricardo Marques

> Folha de Sala

Data: 20 de maio a 15 de julho
Horário: 2ª a 6ª feira – das 9h30 às 19h30, sábados das 9h30 às 17h30.
Biblioteca Nacional de Portugal
Campo Grande, 83, 1749-081 Lisboa
Entrada livre

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