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José Mattoso (1933-2023)

José Mattoso deixou-nos hoje. Grande Amigo do Centro Nacional de Cultura era a grande referência da historiografia contemporânea portuguesa.

José Mattoso era um grande amigo além de mestre. É a grande referência da historiografia portuguesa contemporânea. A sua obra é fundamental, permitindo-me referir a reflexão sobre a identidade portuguesa, numa perspetiva aberta, plural e tolerante.
Toda a sua vida constituiu um exemplo como Professor, como investigador, como diretor da Torre do Tombo, como cidadão. Destaco a “História de Portugal” que coordenou e na Fundação Calouste Gulbenkian o projeto HPIP, Património de Influência Portuguesa, que é referencial e único. Registo que a última vez que falámos foi a propósito de um texto meu no Diário de Notícias.
Nunca esquecei a sua presença e a sua generosidade. Para José Mattoso a dignidade humana, os direitos humanos obrigavam à compreensão de espiritualidade.

Guilherme d’Oliveira Martins


José Mattoso nasceu em Leiria, em 22 de janeiro de 1933, e foi o primeiro a ser distinguido com o Prémio Pessoa, em 1987.

Autor de mais de 30 obras, renovou o interesse pelo estudo da Idade Média portuguesa, área sobre a qual publicou a maior parte da sua obra, nomeadamente “Identificação de um País” (1985), que apresentou novas linhas de investigação sobre aquele período.

O historiador assinou também uma biografia de D. Afonso Henriques, publicada em 2006 pelo Círculo de Leitores, e dirigiu várias obras coletivas (“História de Portugal”, 1993-1994; “História da vida privada em Portugal”, 2010-2011; “Património de origem portuguesa no mundo”, 2010).

A produção historiográfica de José Mattoso começou a ser publicada em 1968, com “Les Monastères de la Diocèse du Porto de l”an mille à 1200”, seguindo-se, em 1970, “As Famílias Condais Portucalenses séculos X e XI”, tema a que voltou, em 1981, com a obra “A Nobreza Medieval Portuguesa. A Família e o Poder”.

Em 1982, publicou “Religião e Cultura na Idade Média Portuguesa”, em 1985 “Portugal Medieval” e, no ano seguinte, a sua obra de referência, “Identificação de um País” (dois volumes), que lhe valeu o Prémio Alfredo Pimenta e o Prémio Ensaio do P.E.N, Clube, em 1986.

Em 2005, publicou “A dignidade Konis Santana e a Resistência Timorense”, uma das suas raras incursões na História Contemporânea, quando aceitou ser “colaborador voluntário do Instituto Português de Auxílio à Cooperação, durante os cinco anos” que permaneceu em Timor, como explica na introdução da biografia daquele combatente timorense.

Em 2012, publicou “Levantar o Céu — Os Labirintos da Sabedoria”, que lhe valeu o Prémio Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes, do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, da Igreja Católica, um galardão a juntar a outros com os quais foi distinguido ao longo da carreira, como o Prémio Böhus-Szögyény de Genealogia, em 1991, ou o Troféu Latino, em 2007.

Em 1992, o Estado português condecorou-o com o grau de Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada.

O Centro Nacional de Cultura homenageia a sua memória e apresenta à sua família sentidas condolências.

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