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José Manuel Galvão Teles (1938-2023)

O Centro Nacional de Cultura homenageia o seu antigo Presidente e amigo de longa data, apresentando à família e amigos, sentidas condolências.

José Manuel Galvão Teles deixou-nos, sendo um exemplo de cidadania ativa, defensor intransigente dos direitos humanos e da liberdade.

Foi Presidente do Centro Nacional de Cultura no final dos anos sessenta, exercendo a advocacia desde 1961 depois de se ter licenciado em Direito na Universidade de Lisboa. Escolheu sempre intervir ativamente, em nome da construção de um Portugal democrático e justo, como político, como advogado e como cidadão. Nos anos 60, foi presidente Nacional da Juventude Universitária Católica (JUC), tendo sido fundador e dirigente da “Cooperativa Pragma” (dissolvida pela polícia política), foi editor dos “Cadernos GEDOC” e colaborador da revista “O Tempo e o Modo”. Foi candidato a deputado pela Oposição Democrática (CDE) nas eleições de 1969, tendo assumido na barra a defesa em importantes processos políticos, como o do arquiteto Nuno Teotónio Pereira, também membro ativo do Centro Nacional de Cultura, cujo centenário celebrámos. Opositor da guerra colonial, foi uma voz muito ativa, intervindo e alertando publicamente para a situação política nacional de privação da liberdade. Após a revolução de 25 de abril, continuou a afirmar-se como um dos advogados mais brilhantes da sua geração, sem, contudo, abdicar da participação ativa na vida política do país, designadamente enquanto fundador e dirigente do GIS, Grupo de Intervenção Socialista, tendo sido depois até meados dos anos 90 dirigente nacional do Partido Socialista. Em 1974 e 1975, no âmbito da descolonização, foi chefe de delegação do Governo português em diversas missões de natureza política e económico-financeira, designadamente em Angola e Moçambique. Na sequência desta ação, assumiu em 1975/76 o cargo de Embaixador de Portugal nas Nações Unidas, em Nova Iorque. Deste período, salienta-se o papel fundamental desempenhado no processo da descolonização, bem como na defesa da independência de Timor-Leste. Nos anos 70 e 80, teve participação muito relevante no Tribunal Internacional para Julgamento dos Crimes do Apartheid. De 1996 a 2006 foi membro do Conselho de Estado, por designação do Presidente da República, Jorge Sampaio. Em 2005 foi agraciado pelo Presidente da República com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo. Em 2010 recebeu a medalha de Honra da Ordem dos Advogados, tendo sido em 2022 galardoado com o Prémio de Carreira da Advocacia Societária pela Associação das Sociedades de Advogados de Portugal (ASAP). Ao longo da sua vida de causídico patrocinou das mais importantes ações julgadas nos tribunais portugueses. Paralelamente, em reconhecimento da sua experiência e relevância no desenvolvimento do Direito Civil e do Direito das Sociedades, José Manuel Galvão Teles assumiu variadíssimos cargos executivos e não executivos nos órgãos sociais das mais relevantes empresas nacionais e estrangeiras a operar em Portugal. Apaixonado pelas artes, fundou e foi dirigente de várias associações e fundações privadas ligadas à cultura, como a Fundação Serralves, a Fundação Mário Soares, a Fundação das Casas de Fronteira e Alorna e a Fundação Júlio Pomar.

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