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João Paulo Cotrim (1965-2021)

Não basta gostar de livros, é preciso amá-los.
Era o caso do João Paulo Cotrim, que partiu quando ninguém esperava.
Estive com ele pouco tempo antes de ter o terrível Covid – mas mesmo assim venceu o vírus.
Mas foi atacado à traição por uma bactéria hospitalar e deixou-nos…
Há minutos estive no sítio onde estivemos juntos a última vez.
Estávamos rodeados de Hergé e de Tintin por todos os lados na Gulbenkian.
E ele sempre cheio de projetos.
Iria falar sobre Tintin daí a dias…
Mas já não deu tempo…
O João Paulo amava os livros e gostava de os fazer. Conhecemo-nos nas lides da Banda Desenhada. Onde poderia ser diferentemente?
Era o tempo da Bedeteca, “um oásis, uma pequena maravilha”.
Tudo era especial: as cores, o cheiro, o desenho, a escrita, as capas, os bonecos, as estantes…
E agora a Abysmo – e mil lembranças!
Vamos continuar a encontrar-nos.
Prometo!

Um grande abraço
Guilherme d’Oliveira Martins


João Paulo Cotrim dirigiu a Bedeteca de Lisboa desde a sua abertura, em 1996, e até 2002. Durante este período organizou várias iniciativas e exposições.

Foi diretor do Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada durante quatro edições e responsável pela sua programação e dos catálogos e da mostra Ilustração Portuguesa.

Guionista para filmes de animação, João Paulo Cotrim escreveu novelas gráficas, ensaios e poesia e histórias para crianças e adultos. Foi jornalista e era editor da Abysmo.

Na sua vasta obra encontram-se novelas gráficas (“Salazar – Agora, na Hora da Sua Morte”), ficção (“O Branco das Sombras Chinesas”, com António Cabrita), ensaios (“Stuart – A Rua e o Riso” ou “El Alma de Almada El Ímpar” – Obra Gráfica 1926-1931), aforismos (“A Minha Gata”) e poesia (“Má Raça”, com Alex Gozblau), além de histórias para as infâncias (“Querer Muito”, com André da Loba).

João Paulo Cotrim foi ainda professor no Ar Co, no departamento de Ilustração e BD, bem como no IADE – Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação, e colaborou no Instituto Português do Livro e das Bibliotecas (IPLB).

No seguimento do confinamento imposto pela pandemia de covid-19, João Paulo Cotrim criou, em 2020, “Torpor. Passos de voluptuosa dança na travagem brusca”, uma revista digital gratuita criada e disponibilizada pela editora Abysmo.

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