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Hoje – Ciência, Política e Cultura Científica

Esta sexta-feira, dia 20 de Novembro, tem lugar no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, a última sessão do Ciclo de encontros em homenagem a José Mariano Gago, organizado no âmbito dos 70 anos do Centro Nacional de Cultura, em colaboração com a Agencia Nacional de Cultura Científica e Tecnológica, Ciência Viva e com o apoio da Galp Energia.

O Ciclo encerra com esta grande conferência internacional sobre o estado da ciência e a ambição de garantir o conhecimento como futuro. Será dada particular ênfase à coordenação de esforços internacionais para estimular o conhecimento para o desenvolvimento à escala mundial.

O programa completo, de entrada livre, pode ser consultado em http://www.cnc.pt/artigo/3493

Nesta ocasião, será ainda lançada a assinatura presencial de uma declaração intitulada “O Conhecimento como Futuro”, destinada a promover uma cultura científica inclusiva e aberta através de políticas responsáveis de Ciência e Tecnologia (C&T), a nível global, envolvendo cientistas, peritos e decisores políticos em processos permanentes de diálogo construtivo com a sociedade em geral. Esta Declaração foi criada de forma a promover o legado de José Mariano Gago através do envolvimento de líderes governamentais, decisores políticos e peritos a nível global, com o objectivo de aprofundar os fundamentos intelectuais das políticas de C&T com o imperativo de construir sociedades baseadas no conhecimento num mundo fortemente interligado através das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Em última análise, tem como objectivo promover novas oportunidades para processos construtivos de mudança geracional.

A subscrição pública ficará disponível para assinatura através do sitio http://www.knowledgecommon.com/.

 

Enquadramento do Ciclo

Investir no conhecimento é investir no futuro. Esta afirmação, que continua válida após ter sido vencido o isolamento e atraso crónico da capacidade científica e tecnológica nacional 25 anos depois do Manifesto para a Ciência em Portugal de José Mariano Gago, exige compreender que a ciência é apostar nas pessoas, na sua formação exigente e motivada. Requer instituições fortes, diversificadas e consolidadas, abertas sistematicamente ao diálogo e à cooperação internacional, assim como a densificação progressiva da capacidade cultural, científica e tecnológica em todo o território. Exige compreender a transversalidade do conhecimento e da cultura e, portanto, requer instituições públicas e privadas que promovam o conhecimento e um Estado que facilite “redes de oportunidade”, assim como a compreensão colectiva que o conhecimento exige solidariedade social. Exige, portanto, reconhecer a necessidade do Estado combater a ignorância e facilitar uma sociedade de aprendizagem. Exige, certamente, aprender mais e saber mais, qualificando mais a população e estimulando a aprendizagem ao longo da vida, assim como atraindo mais jovens para estudar e trabalhar em Portugal. Mas exige, também, a construção social das políticas públicas de apoio á produção e difusão do conhecimento.

É neste contexto que no âmbito dos 70 anos do Centro Nacional de Cultura este ciclo de encontros vem homenagear José Mariano Gago, estimulando o debate sobre “Ciência, Política e Cultura Científica”.

Lembrar José Mariano Gago exige o debate informado entre cientistas e não cientistas, mulheres e homens, sobre a nossa identidade e o papel do conhecimento. Exige certamente recordar que nos últimos 25 anos a produção científica reconhecida internacionalmente multiplicou por 35 (em termos do numero de publicações registadas internacionalmente) e o investimento em investigação cresceu 5 vezes mais que o produto da nossa riqueza. O número de investigadores multiplicou por 17, atingindo os níveis médios da OCDE, com cerca de 9 investigadores por mil habitantes, com quase tantas mulheres como homens na Ciência e com a formação dos cientistas portugueses a fazer-se de forma cada vez mais internacionalizada. O sistema de ensino moderniza-se, com a fracção de doutorados no corpo docente das universidades públicas a ultrapassar 70% em 2012. Cerca de 1 em cada 3 cidadãos com 20 anos frequenta o ensino superior. E, na economia, os sectores que apresentam maior taxa de crescimentos das exportações referem-se a actividades crescentemente dependentes de mão-de-obra qualificada numa gama alargada de áreas e de serviços intensivos em conhecimento.

Mas pensar Portugal após José Mariano Gago requer a humildade necessária para compreender a complexidade crescente dos processos de mudança. Exige um esforço para a criação e difusão de novos conhecimentos e, sobretudo, aceder a bases de conhecimento crescentemente distribuídas no espaço e no tempo. Ou seja, requer um processo complexo de aprendizagem, promovendo a compreensão pública da ciência e a ruptura com o isolamento social da prática científica, e não apenas um inventário de matérias ou de prioridades. Foi também para isso que José Mariano Gago criou a Ciência Viva e promoveu a cultura científica em Portugal, por acreditar de que fazer Ciência em Portugal faz parte da ambição que os portugueses têm para os seus filhos.

Lembrar José Mariano Gago exige, ainda, continuar a internacionalizar as nossas actividades e combater diariamente o nosso isolamento cultural, social e económico no mundo, cooperando com os melhores e aceitando sempre as suas criticas.

O ciclo de encontros iniciou-se a 30 de Setembro, no Centro Nacional de Cultura, com o lançamento póstumo do último texto de José Mariano Gago, “CIÊNCIA, Judite e Almada: Nomes de guerra, HOJE”, o qual reflecte o pensamento modernista do homem e do humanista.

O 2º encontro, a 22 de Outubro, teve lugar no Grémio Literário e foi dedicado ao debate sobre o papel da ciência no desenvolvimento da integração europeia de Portugal, incluindo o debate sobre o processo de adesão ao CERN no contexto das políticas públicas de cooperação científica internacional, especialmente estimuladas por José Mariano Gago.

O 3º encontro decorreu no IPO de Lisboa no passado dia 5 de Novembro, e foi dedicado à evolução da investigação em cancro, incluindo o debate sobre a evolução da organização da actividade científica em ciências da saúde na Europa, ao qual José Mariano Gago se dedicou particularmente nos últimos anos da sua vida.

 

Mais informações

Centro Nacional de Cultura – Tel. 21 346 67 22 – ttamen@cnc.pt

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