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Escritor Ruben A. condecorado a título póstumo por Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República condecorou esta quarta-feira a título póstumo o escritor Ruben A., no ano do centenário do seu nascimento, com o grau de grande-oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.

Esta homenagem a Ruben A. foi divulgada hoje à noite através de uma nota no portal da Presidência da República na Internet.

“Numa cerimónia restrita, que decorreu na Casa Allen no Porto, o Presidente da República, após usar da palavra, entregou as insígnias à filha do homenageado, Alexandra leitão, tendo o filho, Nicolau Leitão, agradecido em nome da família”, lê-se na nota.

A Ordem Militar de Sant’Iago da Espada destina-se a distinguir o mérito literário, científico e artístico.

As celebrações do centenário do nascimento de Ruben A. contam com o alto patrocínio do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que assina o prefácio de uma nova edição da autobiografia do escritor, “O Mundo à Minha Procura”, que reúne num só os três volumes originais, lançada recentemente pela Assírio & Alvim.

“Sim, Ruben A. viveu no país errado e viveu fora do seu tempo. Porque viveu num Portugal que, em muito, não compreendia aquele homem, aquele homem culto, aquele homem radicalmente independente, aquele homem teimosamente distante dos grupos, das capelas, das correntes, dos alinhamentos, dos rótulos, aquele escritor que, ao escrever acerca de si, escrevia acerca dos outros, ao contar o seu mundo, descrevia o Portugal da sua época, o tal que o não entendia, e, portanto, preferia ignorá-lo, fazer de conta que não existia”, escreve Marcelo Rebelo de Sousa no prefácio.

O chefe de Estado descreve Ruben A. como alguém que “gostava de argumentar, de divergir, de criar e recriar, de fazer de iconoclasta, de chocar os espíritos arrumados, bem-comportados, avessos a solavancos maiores”.

“Deveria ter merecido, não apenas por alguns instantes, mas sempre e para sempre, um lugar indiscutível nos recenseamentos dos visionários, dos que se desprendem do imediato, dos que pensam e escrevem tão diferentemente que planam acima ou, pelo menos, ao lado das categorias com que se catalogava e cataloga épocas e escritores da nossa urbe”, defende Marcelo Rebelo de Sousa.

Nascido em 26 de maio de 1920, em Lisboa, Ruben Alfredo Andresen Leitão, de pseudónimo Ruben A., primo da escritora Sophia de Mello Breyner Andresen, formou-se em Ciências Histórico-Filosóficas pela Universidade de Coimbra e deu aulas de Língua e Cultura Portuguesas na Universidade de Londres, entre 1947 e 1952.

Estreou-se em 1949 com “Páginas”, misto de diário e ficção, um texto que sairia ao longo dos anos seguintes, em seis volumes.

Destacam-se ainda os romances “Caranguejo”, de 1954, narrativamente escrito de trás para a frente, sem numeração de página, e “A Torre da Barbela”, de 1964, em que o autor funde a ficção biográfica e a ficção histórica.

A segunda metade da década de 1960 foi marcada pela publicação dos três volumes autobiográficos “O Mundo à Minha Procura”.

Foi condecorado em 09 de julho de 1973 com o grau de comendador da Ordem do Infante.

Alguns meses antes da sua morte, foi convidado a dar aulas na Universidade de Oxford.

Morreu em Londres, em 26 de setembro de 1975, aos 55 anos, vítima de ataque cardíaco.


por Lusa in Renascença | 23 de setembro de 2020
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença

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