DIÁRIO DE AGOSTO

DIÁRIO DE AGOSTO (VII) :: OS CANDEEIROS…

Esta também é do António Alçada, mas associa outro amigo do coração – o José Guilherme Merquior, grande ensaísta e diplomata brasileiro.

Pouco depois do 25 de Abril, o José Guilherme passou por Lisboa e fez uma conferência no Centro Nacional de Cultura sobre a crise da cultura contemporânea. Ele era uma personalidade fascinante que amava verdadeiramente a liberdade. Ainda havia naquele tempo um fervor revolucionário…
A conferência, como se esperava, foi um sucesso e revelou a extraordinária lucidez do seu autor. Um perguntador profissional invocou a ladainha habitual do materialismo dialético. E o José Guilherme foi claro, como era seu apanágio, na resposta:
– «O mais que eu posso conceder é que o materialismo dialético, como método de interpretação, pode ocasionalmente servir-nos de alguma utilidade, mas como filosofia, acho que funciona como os candeeiros para os bêbedos: mais para se agarrar do que para iluminar»…

DIÁRIO DE AGOSTO
por Guilherme d’Oliveira Martins
7 de agosto de 2017
Subscreva a nossa newsletter