Notícias

DIA CARLOS QUEIROZ

Dia 19 de maio, no CCB, uma sessão de homenagem a Carlos Queiroz. Consulte aqui o programa!


DIA CARLOS QUEIROZ
CENTRO CULTURAL DE BELÉM – PEQUENO AUDITÓRIO
DIA 19 DE MAIO – 15H00


No âmbito da colaboração entre o Centro Cultural de Belém e o Centro Nacional de Cultura, terá lugar no dia 19 de maio, no CCB, uma sessão de homenagem a Carlos Queiroz.


Carlos Queiroz (1907-1949) é um dos grandes poetas do segundo modernismo.


Autor de “Desaparecido” e de “Breve Tratado de Não Versificação”, foi amigo de Fernando Pessoa e teve decisivo contacto com o movimento da “Presença”.


Compreendeu especialmente a força da criação poética e afirmou: “todos os poetas são acompanhados – às vezes mesmo tiranicamente perseguidos – por entes invisíveis que se exprimem numa linguagem desconhecida de natureza mais musical do que idiomática”. Disse-o assim de Pessoa, mas poderia ser um autorretrato.


Entre várias iniciativas e além das intervenções sobre a sua vida e obra, será inaugurada neste dia uma exposição de vários retratos do poeta por pintores notáveis do seu tempo (José Tagarro, António Soares, Sara Affonso, Eduardo Malta, Mário Eloy). Carlos do Carmo encerrará a sessão cantando dois fados com letra de Carlos Queiroz.


Entrada livre.



            

                  


P R O G R A M A


15h00 Abertura:
Vasco Graça Moura (Presidente CCB)
Guilherme d’Oliveira Martins (Presidente CNC)
Maria Bochicchio (Coordenadora)
Júlio Pomar
António Guilherme Queiroz

Colóquio 1ª parte


15h30    Fernando J. B. Martinho


            Historia de um poema de Carlos Queiroz


15h40    José Carlos Seabra Pereira

            Carlos Queiroz e o efeito Camões – um «uso mais moderno»


15h50    Maria Bochicchio

            Do Desaparecido ao “reaparecido”.


16h00    Alberto Vaz da Silva

            Calor e ritmo na escrita de Carlos Queiroz


16h10  Pausa

            Exposição
            Carlos Queiroz e os artistas do seu tempo
            Intervenção Maria da Graça Queiroz

Colóquio 2ª parte


16h50    Guilherme d’Oliveira Martins


            Compreender Portugal através de Carlos Queiroz


17h00    Liberto Cruz


            Carlos Queiroz e o não-desaparecido


17h10    Fernando Pinto do Amaral


            Melancolia  e sublimação em alguns poemas de Carlos Queiroz


17h20    José Manuel Cymbron


            Carlos Queiroz e o Turismo – um Evento Âncora em Lisboa


17h30    Debate


            Apresentação do Livro
            Carlos Queiroz e Bernardo Marques do poema ao desenho
            Organização e introdução de Maria Bochicchio
            Intervenções:
            Guilherme d’ Oliveira  Martins
            Vasco Graça Moura
            Vasco Silva 
            Maria Bochicchio


18h10    Música e Poesia de Carlos Queiroz


            Canção do mundo perdido
            musicado por Armando José Fernandes e cantado pela soprano Alexandra Bernardo, acompanhada ao piano por Bernardo Marques


            Poemas de Carlos Queiroz ditos e gravados pelo autor
            “Capricho”
            “Clamavi Ad Te”
            “Cantilena”


            2 Fados com letras de Carlos Queiroz cantados por Carlos do Carmo
            
O Povo
            Canção grata 
            musicada por Teresa Silva Carvalho

Apoio:



  Carlos Queiroz (1907-1949)



Carlos Queiroz é um poeta injustamente esquecido. Trata-se, no entanto, de alguém que desempenhou um papel da maior importância na transição entre os dois grandes movimentos literários da primeira metade do século XX, ou seja, nas pontes e interacções que se estabelecem entre o modernismo tardio e o movimento da presença.

Amigo de Fernando Pessoa, de José Régio e de outras figuras de primeira água do panorama cultural português, Carlos Queiroz cedo se revelou como um artista discreto, senhor de uma requintada arte do verso e anotador de subtilezas em que a análise das tensões entre pensamento e sentimento se mostra aberta às mais ténues vibrações da realidade. É um poeta que soube aprender a lição do Modernismo, em especial a do Fernando Pessoa ortónimo, para seguir um caminho próprio de exploração no seu mundo interior, em cuja obra constantemente se revelam as surpresas do jogo entre razão e emoção, verdade e mentira, ficção e realidade…

Prematuramente desaparecido em 1949, deixou-nos, para além de dois breves livros publicados que dão bem a medida do seu excepcional lirismo, Desaparecido (1935) e Pequeno Tratado de não Versificação (1946), um importante espólio literário, documental, epistolográfico e artístico, além de toda uma série de marcas e testemunhos pessoais de um grande interesse por outros territórios da expressão artística, como o cinema, o teatro, a música e as artes plásticas.

Recorda-se que Fernando Pessoa, pouco antes de morrer, se referiu a Desaparecido nos termos seguintes: “A beleza do livro começa pelo livro. A edição é lindíssima. A beleza do livro continua pelo livro fora; os poemas são admiráveis.” E ainda: “Não se pode dizer deste livro o que é vulgar dizer-se, elogiosamente, de um primeiro livro, sobretudo de um jovem: – que é uma bela promessa. O livro de Carlos Queirós não é uma promessa, porque é uma realização” (texto postumamente publicado na Revista de Portugal n.º 2 Coimbra, Janeiro de 1938).

Foi também um importante crítico literário e jornalista cultural, tendo chegado a entrevistar Luigi Pirandello em 1931 e chamando a atenção para os grandes poetas brasileiros do seu tempo. É autor de uma das primeiras e mais lúcidas análises do fenómeno da heteronímia em Fernando Pessoa, a conferência de 1940, hoje publicada sob o título Fernando Pessoa  / O poeta e os seus fantasmas, na edição por nós preparada para a Ática, em 2011.

Para além da sua vasta colaboração na presença, Carlos Queiroz assumiu a chefia da redacção da revista Panorama, colaborou em revistas como Ocidente, Atlântico, Revista de Portugal, Aventura e outras, fundou e dirigiu a revista Litoral, colaborou a título avulso em muitas outras publicações, traçou alguns caminhos para uma política de turismo cultural no nosso país e desenvolveu ainda a sua actividade na Emissora Nacional entre 1933 e 1949.

A jornada que o CNC e o CCB lhe dedicam em Maio de 2013, apresenta, além de vários materiais, uns inéditos e outros muito pouco conhecidos, que reputamos de grande importância literária, um conjunto de obras de arte, peças e documentos do seu espólio, abrindo perspectivas novas sobre o lugar que cabe a Carlos Queiroz na literatura portuguesa. Agradecemos toda a colaboração que nos foi gentilmente prestada pela família do poeta.

Maria Bochicchio



O trabalho de investigação, selecção de materiais, coordenação e apresentação que se traduz nesta iniciativa dedicada a Carlos Queiroz foi realizado por Maria Bochicchio, bolseira de pós-doutoramento da FCT para preparar a edição das obras completas do poeta.

Subscreva a nossa newsletter