Reflexões

De 22 a 28 de Setembro de 2003

A Conferência Episcopal Portuguesa divulgou o documento intitulado “Responsabilidade Solidária para o Bem Comum” – que constitui uma notável e oportuna reflexão sobre o momento presente (www.ecclesia.pt). Aí são referidas atitudes e linhas de comportamento que exigem “uma conversão à solidariedade responsável” e são identificados “sete pecados sociais” – que importa ter presentes, para que haja uma resposta justa aos desafios que se nos colocam…

A Conferência Episcopal Portuguesa divulgou o documento intitulado “Responsabilidade Solidária para o Bem Comum” – que constitui uma notável e oportuna reflexão sobre o momento presente (www.ecclesia.pt). Aí são referidas atitudes e linhas de comportamento que exigem “uma conversão à solidariedade responsável” e são identificados “sete pecados sociais” – que importa ter presentes, para que haja uma resposta justa aos desafios que se nos colocam. Devemos contrariar os “egoísmos individualistas, pessoais e grupais”, por não terem perspectiva solidária; “o consumismo” fomentado pelos mecanismos da economia, “que gera clivagens entre ricos e pobres e gera insensibilidade a valores espirituais”; a “corrupção, verdadeira estrutura de pecado social”; a “desarmonia do sistema fiscal, que sobrecarrega um grupo e pode facilitar a irresponsabilidade no cumprimento das justas obrigações” (multiplicando-se dissimulações e fraudes por parte dos cidadãos e grupos económicos, fruto dos seus egoísmos individuais); a falta de responsabilidade na estrada, “com as consequências dramáticas de mortes e feridos, que são atentados ao direito à vida”; a “exagerada comercialização do fenómeno desportivo, que tem conduzido à perda progressiva do sentido do “jogo” como autêntica actividade lúdica e à falta de transparência nos negócios que envolvem muitos sectores e profissionais de algumas áreas do desporto”; a “exclusão social, gerada pela pobreza, pelo desemprego, pela falta de habitação, pela desigualdade no acesso à saúde e à educação, pelas doenças crónicas” (o primado da pessoa humana exige o combate de tudo o que degrade o trabalho)… Por contraponto a estes pecados sociais, os bispos portugueses propõem “sete sinais de esperança”. Deve haver uma nova atitude que se exprima no “discernimento crítico dos problemas sociais, na denúncia de todas as formas de exclusão e de egoísmo”; a “tomada de consciência da sociedade como comunidade cultural”; a “promoção de todas as formas de educação para a vida, para o ambiente, para os valores, para a cidadania, para a democracia, para a solidariedade e para o bem comum”; o incremento de diversas formas de voluntariado; a responsabilidade de participação de todos “no mundo da saúde, da habitação, da escola, da comunicação social, do emprego, da economia, da política e da justiça”; a “busca da nova identidade portuguesa, dinâmica e em construção aberta a outros valores e outras culturas”; a “construção de uma Europa baseada nos valores culturais e espirituais”. Vivemos uma crise que se traduz “na relativização dos valores e princípios, na perda de confiança num mundo melhor”, na demissão perante a luta por uma sociedade mais justa e pacífica ou no refúgio em seguranças meramente individuais e privadas. O texto exige uma reflexão atenta. É um apelo a uma cultura de responsabilidade e compromisso. Quem vai ler e aplicar?

Guilherme d`Oliveira Martins

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