Reflexões

De 14 a 20 de Julho de 2003

Os Blogs entraram na ordem do dia. O correio electrónico e a Internet -ao serviço da livre circulação das ideias. Os comentários sobre a hora podem, assim, inverter a tendência fácil para ficar na epiderme dos acontecimentos. Há, porém, a tentação de confundir o comentário com a reacção, como se a opinião não exigisse reflexão. Pelo contrário, importa ter o cuidado de não correr atrás do correcto ou do incorrecto, como se fossem fins em si mesmos…

Os Blogs entraram na ordem do dia. O correio electrónico e a Internet -ao serviço da livre circulação das ideias. Os comentários sobre a hora podem, assim, inverter a tendência fácil para ficar na epiderme dos acontecimentos. Há, porém, a tentação de confundir o comentário com a reacção, como se a opinião não exigisse reflexão. Pelo contrário, importa ter o cuidado de não correr atrás do correcto ou do incorrecto, como se fossem fins em si mesmos. À primeira vista, poderá parecer que a futilidade e a indiferença são favorecidos por esses comentários imediatistas, despretensiosos ou provocadores. Usemos, porém, o método do diálogo ou da polémica, do debate ou do confronto, para procurarmos entender que o nosso tempo exige ponderação, reflexão e audácia no lançamento de uma sementeira de ideias. Infelizmente, muitos reclamam debates de ideias, mas quando estes surgem as ideias dissipam-se e aparece a sobranceria e o dogmatismo das ideias feitas, dos prejuízos e da correcção política (mascarada, a maior parte das vezes, de incorrecção política…). Deixemos esses preconceitos. Ponhamos, antes, sobre a mesa os problemas e as diferenças, usem-se argumentos a favor e contra, justifique-se o que defendemos. Abandone-se a atitude preferida do herói de Bernanos, M. Ouine – Sr. Sim-não. O diálogo, a polémica, o confronto que acabam no insulto ou no mau gosto são o contrário de actos de inteligência. A vida cívica e o mundo das ideias exigem que a inteligência seja posta ao serviço de uma procura séria da verdade. E se sabemos que há vários caminhos, também está claro que com preguiça e sem reflexão não conseguiremos ajudar outros ou ajudar-nos a nós próprios, no sentido de transformar as ideias em actos ou de procurar ligar verdade e justiça. Veja-se os debates do momento. Por que motivo se ficam na repetição de lugares comuns – com cada um surdo aos argumentos dos outros ou todos incapazes de acrescentarem uma única ideia nova. Exemplos? As identidades nacionais existem, mas não são tudo. A construção europeia não pode ser uma abstracção. A relação atlântica é necessária, mas só poderá ser consolidada sem suspeições. O pluralismo e o relativismo ético não podem confundir-se. A vertigem mediática da vida pública mina as instituições. Faz falta um debate autêntico – que não se fique pelos “sound-bites” ou pelos malabarismos de palavras e pelo ilusionismo dos argumentos. Um debate que se baseie em argumentação séria e aturada. Vamos, assim, abrir nos espaços do CNC na net foros permanentes de debate, gerais e temáticos, quer aqui mesmo, em www.cnc.pt quer, em Setembro, no novo portal E-cultura. Pedimos, por isso, as vossas sugestões, que são indispensáveis – e que podem ser, desde já, enviadas para info@cnc.pt. Aguardamos as vossas notícias!

Guilherme d`Oliveira Martins

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