Reflexões

De 8 a 14 de Novembro de 2004

“O actual estado de coisas na Educação exige que haja compromissos duráveis em nome da qualidade. Impõe-se que as responsabilidades dos diferentes agentes sejam assumidas. O Estado tem de assegurar a Educação de qualidade para todos, sem discriminações, preservando a liberdade e o direito de ensinar e aprender.”

REFLEXÃO DA SEMANA
De 8 a 14 de Novembro de 2004


“O actual estado de coisas na Educação exige que haja compromissos duráveis em nome da qualidade. Impõe-se que as responsabilidades dos diferentes agentes sejam assumidas. O Estado tem de assegurar a Educação de qualidade para todos, sem discriminações, preservando a liberdade e o direito de ensinar e aprender. O bom uso das línguas, a preservação da memória, a consciência da história, a educação para a paz e para a solidariedade numa perspectiva aberta e cosmopolita, o conhecimento científico, a curiosidade pela experimentação, o equilíbrio entre o humanismo e a tecnologia, o entendimento da importância da linguagem matemática, o fortalecimento da ligação entre ensino e arte – tudo isso obriga a dar valor a uma formação integral da personalidade e a que a democratização da educação não seja confundida com nivelamento por baixo ou com cedência ao fatalismo da mediocridade. A sociedade tem de se assumir como sociedade educativa, na qual a aprendizagem tem de funcionar como o principal factor de desenvolvimento e de emancipação. Só é desenvolvida a sociedade que estiver apta a aprender mais e melhor. E se a aprendizagem é que faz a diferença, não podemos esquecer que os conceitos clássicos de “paideia” e de “humanitas” levam à excelência e à virtude, o que exige vontade e esforço, culto do trabalho, da inteligência e da sabedoria. Daí que justiça e reconhecimento do mérito não sejam antagónicos, mas complementares. Neste sentido, Educação é construção permanente, que se alia ao despertar das consciências para a liberdade, para a autonomia e para a responsabilidade. Se a dignidade da pessoa humana não deve ser um objectivo abstracto e vão, é indispensável que os cidadãos se mobilizem em torno da Educação, da Cultura e da Ciência. Escola, famílias e comunidades têm de se ligar, de cooperar activamente, na perspectiva da valorização pessoal dos cidadãos. No século XVII, John Locke dizia que um “gentleman” deveria desejar para o seu filho quatro coisas: virtude, prudência, boas maneiras e instrução. Nos dias de hoje, a virtude, considerada como excelência e como capacidade de compreender e de dar dignidade à vida, continua actual. O mesmo se diga da prudência e da capacidade de respeitar os outros. Sobre a instrução temos de ir mais longe, temos não só de transmitir conhecimentos, mas de construir uma vida livre, responsável e justa. Não se trata de criar uma casta de cultos ou de esquecer que o conhecimento se distribui desigualmente, mas de entender que Educação e Cultura são factores de liberdade e de desenvolvimento. Saber mais, conhecer melhor, dar importância à experiência, compreender os outros, respeitar a igualdade e a diferença, saber dialogar, estar apto a responder aos desafios e a decidir perante as alternativas que a vida coloca, praticar o espírito de justiça – eis o que está em causa quando falamos de responsabilidades cívicas na Educação.”

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