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Armanda Passos (1944-2021)

O Centro Nacional de Cultura salienta a importância da obra de Armanda Passos pela sua vitalidade e originalidade. Há uma profunda humanidade na criatividade multifacetada da artista, cuja memória homenageamos. Enviamos sentidas condolências à família e amigos. Não esquecemos a sua amizade e grande generosidade.

Notas Biográficas:

Armanda Passos nasceu em 1944, no Peso da Régua, e licenciou-se em Artes Plásticas na Escola Superior de Belas Artes do Porto.

A sua obra está representada em coleções como a do Museu Nacional de Arte Contemporânea, da Fundação Calouste Gulbenkian, da Fundação Oriente, Fundação Champalimaud, do Museu de Serralves, ou do Museu Amadeo de Souza-Cardoso.

O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, já lamentou a morte da pintora Armanda Passos, “referência maior da pintura contemporânea portuguesa”, cujas “emblemáticas mulheres de volumes avultados” ficam no “imaginário nacional”.

“No imaginário nacional ficarão para sempre as emblemáticas mulheres de volumes avultados que são a assinatura de Armanda Passos, cujas obras se encontram representadas em inúmeras coleções públicas e privadas”, afirma Ferro Rodrigues, numa nota enviada à agência Lusa.

O dom artístico “foi-se manifestando devagar”

Armanda Passos deixa uma obra visual de pintura, desenho e de serigrafia devedora de um talento “que se foi manifestando devagar”.

A artista, que nasceu em 1944 no Peso da Régua e viveu e trabalhou no Porto, recordava, numa entrevista à RTP, em 2004, que chegou tarde às artes plásticas, licenciando-se na Escola Superior de Belas Artes do Porto quando já tinha formado família e tinha filhos.

Na entrevista afirma que o dom artístico “foi-se manifestando devagar”. “Achava que não era dotada para nada, especialmente para o desenho. (…) Foi com o tempo, aos poucos que fui descobrindo”, disse.

A obra da artista, marcada por figuras femininas e pelo desenvolvimento de uma técnica relacionada com serigrafia, está presente em várias coleções, nomeadamente do Museu Nacional de Arte Contemporânea, do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, na Fundação de Serralves e no Museu Amadeo de Souza-Cardoso.

É possível ver grande parte do seu trabalho artístico no Museu do Douro, no Peso da Régua, fruto de uma doação de 83 obras que a pintora fez e que estão expostas em permanência desde maio.

Em maio passado, também no Peso da Régua, foi atribuído o nome da pintora duriense a um parque na zona ribeirinha, onde serão instaladas esculturas que reproduzirão em grande escala as figuras emblemáticas da artista.

Membro do grupo “Série Artistas Impressores”, Armanda Passos fez ainda parte de exposições coletivas em países como Espanha, Bélgica, França e Alemanha.

Em 1993, ilustrou as histórias de Jorge Listopad para a infância, reunidas em “Meio Conto”, com uma série inédita de 25 guaches.

A par do percurso artístico, iniciado nos anos 1970, Armanda Passos foi professora de Tecnologia da Serigrafia no Centro de Reabilitação Vocacional da Granja e monitora de Tecnologia da Gravura na Escola Superior de Belas Artes.

Entre as distinções que recebeu destaca-se o prémio do Ministério da Cultura (1984) e a atribuição da Comenda da Ordem de Mérito (2012) da República Portuguesa.

Em 2011, quando doou duas obras ao Museu da Quinta de Santiago, em Matosinhos, Armanda Passos afirmou que o objetivo era deixar os seus trabalhos a locais e pessoas que significaam alguma coisa na sua vida.

“Se gostarem do meu trabalho, gostam de mim”, disse a artista plástica na altura.

Segundo a Universidade do Porto, a pintora Armanda Passos morreu esta madrugada.

“Com este triste desaparecimento, o país perde uma das suas mais notáveis artistas plásticas e a Universidade do Porto uma das suas principais referências estéticas”, lê-se no comunicado, assinado pelo reitor da Universidade do Porto, António de Sousa Pereira.

por Lusa e Renascença | 19 de outubro de 2021
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença

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