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ANTIGO CINEMA CHIADO TERRASSE FAZ HOJE 100 ANOS

O Centro Nacional de Cultura, situado na mesma rua, aproveita para lembrar o aniversário desta esquecida mas pioneira sala de cinema.

O ANTIGO CINEMA CHIADO TERRASSE FAZ HOJE 100 ANOS



O Centro Nacional de Cultura, situado na mesma rua, aproveita para lembrar o aniversário desta esquecida mas pioneira sala de cinema. De facto, o bairro do Chiado está intimamente ligado aos primeiros passos do cinema em Portugal. Foi na Rua do Loreto que se inaugurou o primeiro espaço dedicado exclusivamente aos espectáculos de cinema, o popular Salão “Ideal”. As suas portas abriram ao público em 1904 por iniciativa do industrial Júlio Costa, proprietário da empresa de filmes “Ideal”. Foi na sequência desta tradição que se inaugurou o CHIADO TERRASSE a 12 de Junho de 1908, na Rua António Maria Cardoso (antiga Rua do Tesouro Velho). Era um “Animatógrapho ao ar livre” como se pode perceber pela noticia publicada na véspera da sua inauguração oficial:


“Chiado Terrasse: A novidade da semana é a inauguração do novo animatógrapho, ao ar livre, da rua do Thesouro Velho. Os proprietários do Chiado Terrasse contractaram uma excelente orquestra de distintos professores, para que todas as noites ali haja um magnífico concerto musical. No dia da inauguração, que só se realiza amanhã, apresentam-se sete quadros novos em Portugal. O prazível recinto será profusamente iluminado a luz eléctrica, devendo produzir óptimo efeito.”
(in O Século, 11 de Junho de 1908, página 3)


O CHIADO TERRASSE, propriedade de Albino José Baptista sendo secretário Sabino Correia Jr, era destinado a um público mais aristocrata, uma vez que os espectadores dispunham de um serviço de restaurante.


Foi o primeiro “cinema”, especialmente construido para o efeito, em Lisboa. Transformou-se desde o início numa das mais importantes salas de Lisboa, pelas suas instalações, pelos seus programas, pela sua variedade, não esquecendo o êxito do animatógrafo “falado”.


Em 1910, iniciam-se obras de melhoramento na sala, construíndo ainda um espaço exterior, que se designou por esplanada, funcionando como mais um elemento de atracção.


Em 1911, o arquitecto Tertuliano de Lacerda Marques (1833-1942) redesenhou a fachada, em gosto mais erudito, fim-de-século.


A partir de 1916, os responsáveis deste espaço passaram a ser António Augusto Tittel e Alberto do Valle Colaço. Começam logo por fazer transformações no edifício, dando-lhe o aspecto exterior que manteria até ao seu encerramento, bem como a construção de um pequeno palco, que seria utilizado mais tarde por uma companhia de revista. Pouco tempo depois, mudou novamente de mãos, passando para a responsabilidade de Arthur Emúz.  Em 1921 passou a apresentar também números de variedades.


Nos anos 30 foi remodelado internamente, em desenho Art-Deco.


Em 1972 o CHIADO TERRASSE cessa actividade e no final da década um projecto para transformação do cinema em edificio de escritórios conduz à lamentável demolição dos interiores.


Actualmente, do imóvel original já pouco resta para além da fachada de 1911 do arquitecto Tertuliano Lacerda Marques.


O CNC, também situado no Chiado que foi o berço das primeiras salas para espectáculos cinematográficos da capital, associa-se às comemorações do aniversário do CHIADO TERRASSE.


 


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