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Abílio Tavares Cardoso (1932-2020)

Faleceu ontem Abílio Tavares Cardoso. A sua memória perdura em quantos viveram de algum modo os efeitos da decisão do Cardeal Cerejeira, fazendo cessar as suas funções de Reitor do Seminário dos Olivais, quando sopravam entre nós ventos da renovação nos meios católicos.

Em entrevista auto-ficcionada, que encerra o testemunho espiritual dedicado ao subscritor destas linhas, pode ler-se:

A MINHA RELIGIÃO

Sinto tão agudamente a crise da nossa Igreja, que me parece urgente que cada um dê testemunho do que julga essencial.
(…)
– Não referiste teres sido ordenado padre.
– Evitei mencioná-lo porque não é uma situação simples e posso ser mal entendido. Mas vou tentar. Os vínculos jurídicos, aliás já desfeitos, não me dizem nada e não tenho qualquer interesse em reatá-los. Jamais voltarei a ser clérigo. No entanto considero-me padre para sempre. No quadro de uma relação pessoal com Jesus de Nazaré, quero assumir isso como um peculiar e nunca revogável apelo a um estilo de viver que até à morte dê testemunho do Evangelho.
(…)
– Então e o Seminário dos Olivais? Parece que chegaste a reitor.
– Para mim, pessoalmente, foi a tarefa mais árdua e empolgante por que Deus me fez passar. Historicamente é vista como um fracasso tão grande que os próprios amigos evitam o assunto ou falam vagamente de antecipações do futuro… A ela me dediquei sem cálculo nem escudo e aprendi que a honestidade e a coragem ingénua pagam no momento. E é quanto basta. Pelo menos para este mundo. Para o outro, confio na infinita misericórdia de Deus.

Dedico este testemunho espiritual ao meu querido amigo, João Salvado Ribeiro.

Abílio Tavares Cardoso
Novembro de 2012

O Centro Nacional de Cultura homenageia a memória do Doutor Abílio Tavares Cardoso, não esquece a sua preciosa colaboração e apresenta à família e amigos sentidas condolências.

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