Notícias

A Lisboa dos Descobrimentos II

ROTEIROS CNC / DIÁRIO ECONÓMICO


A LISBOA DOS DESCOBRIMENTOS II


Durante os séculos XV e XVI, Lisboa evolui significativamente em termos comerciais, tornando-se num importante pólo do comércio europeu. Em 1500 o rei D. Manuel I mudou-se do Castelo para o Paço da Ribeira, criando um novo espaço ribeirinho, próximo do porto e da Rua Nova frequentada pelos mercadores, numa clara atitude simbólica por parte do monarca. Toda a frente ribeirinha da cidade antiga é invadida por edificações, tendo inclusivamente sido construídos edifícios sobre panos de muralha, de que é exemplo a série de varandas da Ribeira onde se incluía a Casa dos Bicos. Com o desenvolvimento são criadas diversas áreas urbanas com novos e diferentes planeamentos mais sustentados. O primeiro exemplo desta experimentação ocorre na Vila Nova do Olival ao Carmo, no interior da cidade medieval; segue-se, com início no séc. XVI e até meados deste século, a criação do Bairro Alto. A urbanização da Bica e o reorganização do conjunto até à Boa Vista e o Poço dos Negros, é feita após o sismo ocorrido no final do séc. XVI, que destruiu o lugar de Belver e formou as colinas de Santa Catarina e das Chagas. Os caminhos que iam dar às portas da cidade medieval foram também ocupados com habitações. São, ao mesmo tempo, construídos diversos monumentos importantes e presentes ainda hoje na memória dos Descobrimentos em Lisboa.


Alfama – bairro típico que ainda hoje mantém o seu traçado medieval e que foi um dos principais locais de residência de marinheiros e navegadores. Na Rua da Judiaria, podem ser observadas algumas janelas quinhentistas maineladas, cuja morfologia assenta na linguagem do gótico final. Mesmo no Centro de Alfama, perto do Largo do Chafariz de Dentro, poderá observar o portal manuelino da Ermida de Nossa Senhora dos Remédios. Este pequeno templo foi fundado no séc. XVI, pelos pescadores e navegantes de Alfama.


Bairro Alto – bairro quinhentista construído fora da cerca medieval para albergar a numerosa população da cidade, é um exemplo notável de urbanização, com ruas perpendiculares e fachadas regularizadas.


Igreja da Conceição Velha – foi mandada construir em 1496 para vir a ser a primeira Misericórdia do país. O pórtico com assinaláveis semelhanças ao do Mosteiro dos Jerónimos, é exemplo da transição do período manuelino para o renascimento.


Casa dos Bicos – mandada construir em 1523 por Brás de Albuquerque, presidente do Senado em Lisboa e protegido do rei D. Manuel, era destinada a habitação. Em 1981, foi restaurada segundo o desenho primitivo para albergar um dos núcleos da XVII Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura. A sua decoração, os “bicos”, demonstra uma clara influência italianizante, provavelmente do Palácio dos Diamantes em Ferrara, ou do Palácio Bevilacqua em Bolonha. Acolheu a Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses até à sua extinção.


Museu Nacional de Arte Antiga – Das diversas salas deste museu dedicadas à pintura portuguesa dos séculos XV e XVI, merecem particular destaque entre os Primitivos Portugueses, os Painéis de S. Vicente, atribuídos a Nuno Gonçalves. É notável o espólio que se encontra no espaço dedicado às artes que resultaram do encontro de culturas, proporcionado pela Expansão Portuguesa, podendo ser apreciadas as colecções de arte: afro-portuguesa, indo-portuguesa e namban (Japão).

Subscreva a nossa newsletter