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A Lisboa dos Descobrimentos I

ROTEIROS CNC / DIÁRIO ECONÓMICO


A LISBOA DOS DESCOBRIMENTOS I


Lisboa nos séculos XV e XVI, torna-se um importante entreposto do comércio, nacional e europeu, resultando dessa realidade o dilatar do seu termo, que ultrapassa largamente a antiga urbe medieval, e lhe reforça o cunho ribeirinho e marítimo. Esta expansão é acompanhada por um acentuado aumento demográfico. No conjunto da população, salientava-se pela sua dinâmica, a burguesia mercantil. Na cidade, além dos nacionais, residiam estrangeiros, escravos e serviçais negros. Surgem novas urbanizações com base em traçados planeados e sustentados por critérios urbanísticos e leis jurídicas, sendo erigidos na época das Descobertas monumentos de grande valor arquitectónico e artístico; junto à praia de Belém, no local de onde partiram as grandes armadas, o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, e, em Xabregas, o Convento da Madre de Deus. São também desta época importantes edifícios como o Palácio Real, o Hospital de Todos-os-Santos e o Paço dos Estaus que abordaremos futuramente.


Indicamos algumas sugestões para reconstruir uma memória da cidade dos Descobrimentos, podendo o visitante escolher uma zona da cidade ou seleccionar apenas alguns locais para uma visita mais demorada:


Mosteiro dos Jerónimos – neste local, no ano de 1496, Vasco da Gama ouviu missa na noite antes de partir para a Índia, e daqui saíram as naus de Pedro Álvares Cabral, que chegariam ao Brasil. D. Manuel I funda nesse mesmo sítio um mosteiro destinado à ordem de S. Jerónimo e o panteão real, que projectara para si e para a sua família. A construção iniciou-se em 1501 segundo o estilo manuelino. Nas antigas instalações conventuais encontram-se instalados o Museu Nacional de Arqueologia, fundado em 1893 pelo Doutor José Leite de Vasconcelos, e o Museu de Marinha. Visite a Igreja, o coro-alto e poderá ver os túmulos de Vasco da Gama e, na Capela-mor, os dos reis D. Manuel, D. Maria, D. João II e D. Catarina. Visite ainda o claustro e a antiga Sala do Capítulo. O monumento está classificado como Património Mundial pela UNESCO.


Museu de Marinha – anexo ao Mosteiro dos Jerónimos foi criado em 1863, com a dupla finalidade de guardar os documentos da marinha portuguesa e de albergar a Escola Naval. O seu recheio tem sido enriquecido e apresenta, actualmente, notáveis exemplares de cartografia antiga, bem como vários exemplares de embarcações e instrumentos de navegação de diferentes épocas e outros objectos de grande valor histórico e artístico.


Torre de Belém – o projecto de construção desta torre data do reinado de D. João II, no entanto só foi posto em prática no reinado do seu sucessor, D. Manuel I, entre 1515 e 1519. A sua função era essencialmente defensiva. No início encontrava-se completamente rodeada de água. Hoje é um espaço cultural onde se realizam exposições e concertos e está classificado como Património Mundial pela UNESCO.


Ermida do Santo Cristo e de S. Jerónimo – a Capela de S. Jerónimo, construída no espaço da antiga cerca dos Frades, a partir de 1514, por Diogo de Boitaca e concluída por Rodrigo Afonso. Apresenta planta quadrada e a decoração do pórtico enquadra-se no tipo nacional da época – o manuelino. A Capela ou Ermida do Santo Cristo, localizada na cerca dos Jerónimos, é uma pequena capela curiosos botaréus cilíndricos a assinalarem uma clara ligação com a arquitectura manuelina do sul do país.


Convento da Madre de Deus – em Xabregas foi fundado em 1508 pela rainha D. Leonor, recebeu mais tarde uma relíquia de Santa Auta, oferta do Imperador Maximiliano. Da traça primitiva, restam apenas o portal manuelino (com os símbolos régios de D. Leonor, o camaroeiro, e de D. João II, o pelicano), um claustro e uma Sala (a chamada Capela Árabe), que se supõe ter sido o oratório de D. Leonor. Alberga hoje o Museu Nacional do Azulejo, que inclui salas dedicadas à azulejaria desde os séculos XV e XVI até à actualidade.

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