Crónicas de Viagem - COCHINCHINA

Cochinchina – Crónica III

A herança portuguesa no Vietname e no Camboja leva-nos aos locais de memória dos portugueses por terras da Cochinchina.

26 de agosto a 9 de setembro 2017 
Guia: Alexandra Pelúcia
No âmbito do Ciclo de Viagens “Os Portugueses ao encontro da sua História”

29 e 30 de agosto – Subindo o Mekong (II)

Voltemos à nossa navegação no rio Mekong.
O rio Mekong, um dos maiores do mundo, nasce no Tibete e desagua no Mar da China meridional. Impressiona de facto a largura e a extensão deste rio (mais de 4000 km que cruzam a China, o Myanmar, a Tailândia, o Laos, o Vietname e o Camboja). Cedo foi compreendida pelos nossos antepassados a sua importância como via de comunicação e de acesso ao interior do continente.

Foi fascinante este nosso longo percurso pelo Mekong, admirando quer a paisagem natural, densa, verde, tropical, quer a paisagem humana: camponeses cultivando os campos com os seus chapéus cónicos, embarcações transportando pessoas ou mercadorias as mais diversas, habitações lacustres construídas sobre estacas e, inclusive, barcos tradicionais feitos habitações.

A atmosfera natural exuberante, o povo dócil, o fascínio pela diferença, ajudam porventura a explicar a sedução que o então Vietname colonial exerceu sobre a grande escritora Marguerite Duras, inspirando obras como ‘O Amante’ ou ‘Un barrage contre le Pacifique’. Em Sa Dec, na margem do Mekong, desembarcámos para visitar a casa onde viveu o ‘amante’, rico comerciante de origem chinesa que Marguerite Duras conheceu em 1929 e que inspirou o seu famoso romance e o filme de J. J. Annaud (1992). O Dr. Pedro Roseta ali nos recordou aspetos da vida e obra da escritora.

Nas margens do Mekong visitámos ainda um templo da religião Cao Dai, um dos contributos originais do Vietname. Nascida nos anos 20 do século XX, esta religião combina conceitos do budismo, do cristianismo, do hinduísmo, do taoismo, contando atualmente com cerca de 5 milhões de seguidores.

A nossa navegação prosseguiu em direção a Phnom Penh, capital do Camboja, um percurso tudo menos monótono: a paisagem maravilhosa do vasto rio, a vida local nas margens, continuaram a prender os nossos olhos e a alimentar a nossa imaginação.

E aportámos a Phnom Penh, após um dia e meio memorável pelo Mekong. Vista de longe, a primeira impressão da cidade é a de uma urbe de perfil relativamente baixo que agora começa a crescer em altura: andaimes e guindastes emergindo no horizonte parecem anunciar-nos a emergência de uma futura ‘metrópole’.

Em direção ao Palácio Real embrenhámo-nos no trânsito intensíssimo desta cidade de cerca de 3 milhões de habitantes. A ritmo muito lento, fomos observando, pelas janelas do autocarro, o comércio intenso daquele final de tarde em ruas pejadas de lojas que se expandem do interior dos prédios pelos passeios das ruas e onde tudo se vende.

A chegada ao Palácio Real representou mais um momento de deslumbramento. O Palácio é um vasto complexo de pavilhões de arquitetura khmer de influência marcadamente budista, em que sobressaem os telhados pontudos de cor dourada. Rodeado por jardins de uma grande beleza e extremamente cuidados, o palácio foi inicialmente construído em 1866, sob o reinado do rei Morodom. A família real cambojana habita ainda hoje uma parte desse palácio. Um dos edifícios mais notáveis do complexo é o Pagode de Prata ou Templo do Buda Esmeralda, de uma riqueza estonteante: registe-se tão-só o facto de o piso deste pagode ser formado por telhas quadradas de pura prata! 

30 de agosto de 2017 ® Maria Eduarda Gonçalves

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