DIÁRIO DE AGOSTO

DIÁRIO DE AGOSTO (XII) :: A «ABERTINHA» DE GUALDINO…

Já conhecemos Gualdino Gomes, o crítico de teatro que tinha presença certa na boémia de Lisboa e fazia escritório na «Brasileira».

Na sessão de estreia de uma peça bastante publicitada, que tinha lugar no Teatro Ginásio, o conhecido jornalista estava pronto para comentar o espetáculo em cujo elenco havia figuras de proa do meio artístico…
Tudo começou e desenvolveu-se, a preceito como mandam as regras – no entanto depressa se percebeu que aquele não era dia de sucesso. A peça era vulgar, os atores não estavam em forma, o ensaio deixava muito a desejar, as fragilidades eram tais que a voz do ponto era demasiado audível e as deixas estavam mal combinadas.
Gualdino preparou um estratagema para se libertar daquele suplício – e, meu dito meu feito, a certa altura, havia uma tempestade em cena, que amainava para alegria do crítico… E então o escriba, levanta-se de modo ostensivo e diz: – «Vou-me andando, deixa-me aproveitar esta abertinha»…

DIÁRIO DE AGOSTO
por Guilherme d’Oliveira Martins
12 de agosto de 2017
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