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SOFIA GANDARIAS (1957-2016)

Sofia era uma amiga antiga de Portugal, do Centro Nacional de Cultura, de Helena e Alberto Vaz da Silva, de Yehudi Menuhin.

Há cerca de um ano esteve connosco com seu marido Enrique Barón Crespo cheia de entusiasmo e de projetos, com a ideia de poder trazer-nos a Portugal algumas das suas obras emblemáticas. Em casa de Francisco Balsemão foi uma noite plena de sonhos e de futuro. Em si a literatura e a pintura estavam intimamente ligadas. Trabalhou intensamente até nos deixar e em Sevilha (no Espaço Santa Clara) é possível visitar uma extraordinária exposição de 28 telas que assinala os quatro séculos da morte de Miguel de Cervantes – «Coloquio de Perros». O conto é uma extraordinária metáfora humana. Quis que tudo ficasse pronto e conseguiu, apesar da doença. Sofia era determinada e persistente. A vida era um bem sagrado. Deixa-nos esse extraordinário exemplo. Amiga de José Saramago e de Pilar del Rio, o autor de «Memorial do Convento» definiu as suas telas como «espelhos pintados». É a defesa da dignidade humana que está sempre presente, invocando Kafka, o holocausto, a memória de Velasquez, a lembrança do seu País Basco e de Guernica… O carácter sombrio de muitas das suas telas é um grito de alerta, um apelo humaníssimo, para que não se esqueça a barbárie!

Sofia Gandarias fica na nossa memória como uma mulher de fibra e de sensibilidade, de amizade e afetos! Ao Enrique e ao Alejandro enviamos a expressão mais funda da nossa amizade e solidariedade! Sofia continua connosco.

 

Guilherme d’Oliveira Martins

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