Reflexões

De 30 de Dezembro de 2002 a 5 de Janeiro de 2003

“2002 chega ao fim e sentimos intensamente a falta que a Helena nos faz, no seu entusiasmo, na força do seu ânimo. Mas o Centro não pára….

"2002 chega ao fim e sentimos intensamente a falta que a Helena nos
faz, no seu entusiasmo, na força do seu ânimo. Mas o Centro
não pára. Mantemo-nos fiéis a um projecto que se
deseja permanentemente renovado. Dentro de dias anunciaremos novas iniciativas
e um programa recheado de boas surpresas. O CNC continuará a ser
um espaço de inovação e liberdade.

"Que fizemos dos nossos ideais?"
– perguntava, há dias, D. José Policarpo, o Cardeal Patriarca
de Lisboa. O tema merece reflexão séria, fora dos lugares
comuns e dos efeitos fáceis. Há sempre a tentação
de confundir o relativismo utilitarista com um qualquer saudosismo.
Não é disso que se trata, quando a pergunta é feita
e posta perante nós. Muito menos se quer um qualquer discurso
moralista – do tipo "bem prega Frei Tomás". É
fundamental, sim, percebermos como podemos colocar a dignidade das pessoas
em primeiro lugar. Num tempo em que a incerteza e a complexidade coexistem,
em que o progresso económico parece dominar tudo, como entender
que as coisas que têm mais valor são as que não
têm preço?

Em lugar da intolerância e da
"imposição fundamentalista" dos vários
credos é indispensável pôr em prática um
diálogo espiritual entre culturas, entre religiões e entre
convicções. Nesse sentido, o Patriarca de Lisboa preconiza
duas atitudes fundamentais e complementares – "aprender a conhecer
e saber escutar os outros". Importa compreender as diferenças
que nos cercam e de que somos parte integrante. Em lugar da indiferença
e de uma neutralidade, que tende a colocar tudo no mesmo plano, a nivelar
por baixo e a pôr o egoísmo no lugar do altruísmo,
devemos entender o mundo numa incessante busca de uma intangível
verdade.

A "ânsia de chegar primeiro
à notícia", a ilusão de poder e de força
da manipulação de sentimentos e de reflexos condicionados,
as "denúncias fáceis e as ofensas ao bom nome",
o uso gratuito da violência, a exposição da vida
privada, a ganância, o desejo ilimitado de prazer, a corrupção,
a fuga às obrigações sociais, o "desfrutar
do trabalho dos pobres e dos desprotegidos" – eis o que exige uma
atenção efectiva à dignidade das pessoas. Eis o
que reclama uma cultura de renovação e de respeito mútuo.
Muito Bom Ano!"

Guilherme d`Oliveira
Martins
Presidente do Centro Nacional de Cultura

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